4.6.10

Soneto do desmantelo azul


Lomonosov katerina
Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

Carlos Pena Filho

Um comentário:

Matilda disse...

Minha amiga querida,
tu sabes que eu adoro seu blog. Tua sensibilidade é tamanha na escolha dos poemas e as imagens gritam de lindas.
Até copio algumas.
Esta do azul é mucho linda.
Bjos.