5.6.10

Lua nova e saudades de casa


Os ameados terraços brancos recortam-se secamente sobre o alegre céu azul, gélido e estrelado.
O norte silencioso acaricia, vivo, com a sua pura grandeza.
Todos julgam que têm frio e escondem-se nas casas, fechando-as. Nós, Platero, vamos devagar, tu com a tua lã e com a minha manta, eu com a minha alma, pela límpida aldeia solitária.
Que força interior me eleva, como se eu fosse uma torre de pedra tosca com cúpula de prata! Olha quantas estrelas! De tantas que são, dão-nos tonturas. Dir-se-ia que o céu reza à terra um rosário aceso de amor ideal.
Platero, Platero! Daria toda a minha vida, e ansiaria que tu quisesses dar a tua, pela pureza desta alta noite de Janeiro erma, clara e dura!

Juan Ramón Jiménez, Platero e Eu

Nenhum comentário: