5.4.10

Onde vão...

 Ando cada vez mais intrigado com o lugar para onde vão as coisas que vivemos. Deve por certo haver algures algum registo, um filme detalhado. Que isto não é só isto, senão bastava-se. O meu pai, por exemplo, continua a viver em mim. O que mostra bem a imortalidade das almas. O que eu não percebi talvez fosse para não ser percebido. O que vivi talvez fosse para não ter sido vivido. O que matei levo-o comigo fechado dentro de um saco. Sem poder ter a certeza. Se a tivesse dava-a de bom gosto a quem ma pedisse. Eu não nasci assim louco. Eu lentamente adoeci.

Pedro Paixão

in Deus criou o mundo porque gosta de histórias

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