Sob a abóboda, uma
tonalidade âmbar,
que entra quieta pelos vitrais.
Um leve aroma de
incenso,
que os dias de hoje já nem usam mais.
De joelhos, os
fiés contritos;
em pé, os devotos aflitos;
sentados, os mais
conformados.
Um grupo discreto murmura confiante
uma novena:
a
esperança é grande,
a sorte é pequena,
só Deus que dá jeito.
Ave
Maria, cabeça baixa, mão no peito,
talvez um dia.
A viúva
recente, a moça carente,
o desempregado;
a mãe alarmada, a sogra
injuriada,
o velho doente;
uma adolescente que quer namorado.
No
ínício da esquerda, a imagem parece
sensibilizada.
Também, tanta
prece...
Olhos comovidos, gestos suplicante,
aos pés uma rosa e a
serpente pisada.
Lá na frente, um cristo sofrido pede penitência,
que
o pecado é insistente,
o corpo é atrevido
e a gente escorrega por
inconseqüência.
Depois do conforto,
o frasco de água-benta na
porta da saída.
Se houver recaída, só fé que sustenta.
Flora
Figueiredo
In Chão de Vento
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