8.3.10

A rendeira


Rendeira, por Afonso Lopes
Na teia da manhã que se desvela
a rendeira compõe seu labirinto,
movendo sem saber e por instinto
a rede dos instantes numa tela
Ponto a ponto, paciente, tenta ela
traçar no branco linho mais distinto
a trama de um desenho tão sucinto
como a jornada humana se revela.

Em frente, o mar desfia a eternidade
noutra tela de espuma e esquecimento
enquanto, estrelaçado, o pensamento
costura sobre o sonho a realidade.

Em que perdida tela mais extrema
foi tecida a rendeira e este poema? 
Adriano Espínola, poeta nascido em Fortaleza (CE) em 1952. É professor de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Ceará. Possui vários livros publicados, entre eles. "Beira-Sol" e "Artes de Enganar.


Um comentário:

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa tarde, Fátima.
Lindo poema do Guimarães Rosa.
Bela imagens...
Seu bebê de quatro patas, é um show!
Seu blog é lindo!

Um grande abraço.