Maroz
Que cheiro doce
e fresco,
Por entre a
chuva,
Me traz o sol,
Me traz o
rosto,
Entre Março e
Abril,
O resto que foi
meu,
O único
Que foi afago e
festa e primavera ?
Oh cheiro puro e
som de terra !
Não das
mimosas,
Que já tinham
florido
No meio dos
pinheiros ;
Não dos
lilases,
Pois era cedo
ainda para mostrarem
O coração às
rosas ;
Mas das
tímidas, dóceis flores
De cor difícil,
Entre limão e
vinho,
Entre marfim e
mel,
Abertas no
canteiro, junto ao tanque.
Frésias,
Ó pura memória
De ter cantado –
Pálidas,
flagrantes,
Entre chuva e
sol
E chuva
- que mãos vos
colhem,
Agora que estão
mortas
As mãos que
foram minhas ?"
Com o sopro da
manhã e o aroma
das frésias eu
sonhava longamente
Eugénio de
Andrade
in Coração do Dia
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