4.2.10

Venus de Laussel Cornucópia

"É uma estatueta talhada num bloco de pedra calcária dura; representa uma mulher despida, que na mão direita sustem um corno de bisão. A figura mede 46 cm de altura. A cabeça, embora em grande parte separada do fundo, não apresenta indícios de rosto. Apesar disso, observa-se que foi talhada de perfil ..... O pescoço é alongado e está claramente definido. Do peito brotam elegantemente dois seios longos e pendentes, de jeito oval. O ventre é algo pronunciado, mas bem proporcionado e ligeiramente caído ... O braço direito cai com naturalidade junto ao tronco, mas o antebraço alça-se até à altura do ombro, onde a mão sustem um corno de bisão. Tudo o corpo está polido, exceto a cabeça ...."

Segundo Leroi-Gourhan estaríamos ante dois símbolos complementares femininos, o bisão e as mulheres, o homem. Outras interpretações mais tradicionais, por outro lado, relacionam à «Mulher com Corno» de Laussel com uma deusa  da fertilidade, na qual o corno representaria a cornucópia da abundância.

Um dos símbolos mais antigos de fertilidade e abundância, a cornucópia associa os cornos da lua com a Grande Deusa, como demonstra uma figura esculpida na entrada de uma caverna-santuário no sul da França, conhecida como a Deusa de Laussel. Tendo 34 cm de altura e datando de aproximadamente 20.000 antes da nossa contagem do tempo, ela segura em uma mão um corno de bisão em forma de lua crescente, enquanto a outra aponta para seu ventre. As treze incisões feitas no corno referem-se à passagem dos meses lunares.

Com o advento da agricultura e da criação de animais, os cornos da lua passaram a ser representados pelos cornos da vaca ou da cabra, símbolos associados à deusa da terra, da fertilidade e da fortuna, de cujo útero os frutos fluem em abundância.

Já tingida pela ênfase patriarcal, a mitologia grega nos relata como Zeus foi levado ainda criança para uma caverna, onde foi criado pela cabra Amalthéia. Tendo acidentalmente quebrado um de seus cornos, ele lhe prometeu que o corno oco sempre estaria pleno de qualquer fruto que ela desejasse. Assim, a fertilidade intrínseca da grande deusa se tornou uma dádiva do futuro senhor do Olimpo, chegando a nós como símbolo da deusa romana Cópia, a personificação da plenitude.

Apesar disto, a Grande Deusa continua nos brindando com sua abundância. E como deusas e deuses que somos, não apenas nos deliciamos com estas dádivas, mas somos agentes da manifestação e da distribuição destes frutos e sua multiplicação nos tempos por vir.


 Fonte: Wikipédia

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