21.2.10

Catilina

 Peter Daalder 
Eu sou o solitário e nunca minto.
Rasguei toda a vaidade tira a tira
E caminho sem medo e sem mentira
À luz crepuscular do meu instinto.

De tudo desligado, livre sinto
Cada coisa vibrar como uma lira,
Eu - coisa sem nome em que respira
Toda a inquietação dum deus extinto.

Sou a seta lançada em pleno espaço
E tenho de cumprir o meu impulso,
Sou aquele que venho e logo passo.

E o coração batendo no meu pulso
Despedaçou a forma do meu braço
Pra além do nó de angústia mais convulso.

Sophia de Mello Andresen
In Poemas escolhidos

Um comentário:

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Bom dia, Fátima.
Que poema maravilhoso...
Amei seu blog.

Muito obrigada pelo comentário carinhoso que você deixou plantado no meu cantinho.

Um grande abraço.