(...)
A maioria de nós em geral acha que devemos saber
quem somos.
Afinal, parece que os outros andam por aí sabendo quem são. Contudo,
se olhamos para dentro de nós mesmos e não encontramos nada em que possamos nos agarrar,
ficamos com medo. Não nos damos conta de que ninguém realmente sabe quem é. Não
percebemos que essa é a natureza do nosso ser. Não entendemos que, se afinal temos um
verdadeiro self, ele deve estar nas profundezas do desconhecimento, com o qual nos
defrontamos quando começamos a olhar para o nosso interior. E, se podemos
"pendurar-nos" na borda desse desconhecimento, podemos também descobrir como
fazer para deixar a nós próprios em paz, sem a obrigação de ser algo.
(...) "Criei o termo "desvio espiritual", em 1984, para descrever a tendência
bastante comum entre os buscadores espiritusis ocidentais de utilizar
idéias e práticas espirituais como forma de evitar as questões
emocionais não resolvidas. Descrevo o trabalho de transformação
interior girando em torno de três princípios, ou seja, o céu(desapegar,
soltar), a terra(a consciência do aqui e agora) e o humano(o despertar
do coração) e mostro que as práticas psicológica e espiritual podem
funcionar bem com estes três princípios nas suas diferentes áreas de
atuação".
“Na verdade, além das diferenças de geografia, raça e cultura, o Oriente e o Ocidente representam, em última análise, dois aspectos diferentes de nós mesmos.
Neste sentido, são como a relação entre o expirar e o inspirar.
A ênfase oriental em abandonar a fixação na forma, nas características
individuais e na história é como uma expiração, enquanto que a ênfase
ocidental em atingir a forma, realizar a individuação e exercer a
criatividade pessoal assemelha-se a uma inspiração.
E da mesma forma que a inspiração culmina na expiração, a expiração culmina na inspiração. Cada lado, sem o outro, significa apenas metade da equação.”
John Welwood.
Welwood é psicólogo clínico, psicoterapeuta, estudioso do Budismo, bem
como de outras tradições espirituais, nos últimos 30 anos.
Um comentário:
Gosto muito de Fernando Pessoa e esta frase me faz refletir demais.
Muito bom o artigo.
A explicação final sobre ocidente/oriente foi singular.
Sei que irei partir desta vida sem encontrar a resposta de quem eu sou, mas isso não mais me incomoda.
Obrigada por compartilhar seus pensamentos.
Abraços,
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