2.1.10

"Conhece alguém as fronteiras à sua alma, para que possa dizer – eu sou eu?" Fernando Pessoa

(...)
A maioria de nós em geral acha que devemos saber quem somos.
Afinal, parece que os outros andam por aí sabendo quem são. Contudo, se olhamos para dentro de nós mesmos e não encontramos nada em que possamos nos agarrar, ficamos com medo. Não nos damos conta de que ninguém realmente sabe quem é. Não percebemos que essa é a natureza do nosso ser. Não entendemos que, se afinal temos um verdadeiro self, ele deve estar nas profundezas do desconhecimento, com o qual nos defrontamos quando começamos a olhar para o nosso interior. E, se podemos "pendurar-nos" na borda desse desconhecimento, podemos também descobrir como fazer para deixar a nós próprios em paz, sem a obrigação de ser algo.

(...) "Criei o termo "desvio espiritual", em 1984, para descrever a tendência bastante comum entre os buscadores espiritusis ocidentais de utilizar idéias e práticas espirituais como forma de evitar as questões emocionais não resolvidas. Descrevo o trabalho de transformação interior girando em torno de três princípios, ou seja, o céu(desapegar, soltar), a terra(a consciência do aqui e agora) e o humano(o despertar do coração) e mostro que as práticas psicológica e espiritual podem funcionar bem com estes três princípios nas suas diferentes áreas de atuação".

“Na verdade, além das diferenças de geografia, raça e cultura, o Oriente e o Ocidente representam, em última análise, dois aspectos diferentes de nós mesmos.
Neste sentido, são como a relação entre o expirar e o inspirar
.
A ênfase oriental em abandonar a fixação na forma, nas características individuais e na história é como uma expiração, enquanto que a ênfase ocidental em atingir a forma, realizar a individuação e exercer a criatividade pessoal assemelha-se a uma inspiração.
E da mesma forma que a inspiração culmina na expiração, a expiração culmina na inspiração
.  Cada lado, sem o outro, significa apenas metade da equação.”

John Welwood. 
Welwood é psicólogo clínico, psicoterapeuta, estudioso do Budismo, bem como de outras tradições espirituais, nos últimos 30 anos.


Um comentário:

Laninha disse...

Gosto muito de Fernando Pessoa e esta frase me faz refletir demais.
Muito bom o artigo.
A explicação final sobre ocidente/oriente foi singular.
Sei que irei partir desta vida sem encontrar a resposta de quem eu sou, mas isso não mais me incomoda.
Obrigada por compartilhar seus pensamentos.

Abraços,