28.12.09

Mesmo vendadas adivinhas

Imagem: Pesquisa Google

À margem dos sentidos
que as mantêm cativas,
trago comigo palavras soltas
que me querem decifrar,
que lutam entre si
para me retalhar indignamente
e devassar esconderijos
que eu próprio desconheço.
Destes pássaros altruístas,
que cantam para o sol
continuamente de graça,
não fujo nem me salvo,
porque entre eles e eu
há uma certeza cravada
que se arruína mal se constrói
à deriva do não dito,
naufragando sem rumo
nas brumas do sentido.
Entretanto, em fila indiana,
o rebanho manso das palavras
vai sendo riscado
em poemas vivos de pássaros
que se desfazem
pousados nas linhas,
na mira dos contornos do retrato
que mesmo vendada adivinhas.
 

Nilson Barcelli

Um comentário:

Nilson Barcelli disse...

Olá Fátima.
Só hoje, mais de 2 anos depois, é que vi que publicaste 2 poemas meus.
Obrigado, sinto-me honrado pela tua preferência.
Beijo.